24 setembro, 2007

"Dominicus Musealis" V - B

Domingo - dia 26 de Agosto de 2007

Parque do Monteiro-Mor


"O nome de Monteiro-Mor, consagrado da toponímia local desde meados do século XVIII, foi atribuído a este Parque, por confinar com o pequeno Palácio onde habitaram dois Monteiros-Mores na segunda metade deste século; referimo-nos a D. Henrique de Noronha (M.M. 1717, filho de D. António de Noronha, 2o marquês de Angeja), que pelo seu casamento com D. Maria Josefa de Melo (filha do Monteiro-Mor Francisco de Melo) herdou este cargo, e D. Fernão Teles da Silva (M.M. 1728) segundo marido de D. Josefa (terceiro filho do conde de Tarouca e Monteiro-Mor do Reino), que adquiriu o Palácio a D. António de Beja Noronha e Almeida, fidalgo da Casa de Sua Majestade, que o adaptou. Confinante com a casa do Nobre, constituiu-se por compras sucessivas a vários proprietários, uma grande quinta, de que viria a ser herdeiro e senhor, D. Pedro José de Noronha de Albuquerque Moniz e Sousa (1716-1788), 3o marquês de Angeja, 4o conde de Vila Verde, gentil homem da Câmara de D. Maria I, e Primeiro Ministro, que sucedeu a Marquês de Pombal. Por interessante coincidência, os dois irmãos "Angeja" – D. Henrique e D. Pedro – dedicaram-se à Ciência Botânica. A este último mereceu-lhe o jardim botânico particulares cuidados, tendo-se iniciado na década de 1750 sob orientação do botânico italiano Domenico Vandelli (1735-1816), que foi professor de ciências naturais e química, e ainda director do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra e do Jardim Botânico da Ajuda.
Todo este rico complexo permaneceu até aos nossos dias na posse da Família Palmela. A sua penúltima proprietária foi D. Maria José Holstein Beck Campilho. Em 1970, um enorme incêndio destrói quase todo o Palácio, deixando de pé apenas as suas paredes exteriores. Foi o Decreto-Lei no 558 de 27 de Setembro de 1975, que autorizou a Direcção-Geral da Fazenda Pública a adquirir a chamada "Quinta do Monteiro-Mor", situada no Lumiar em Lisboa, e, por sua vez, também permitiu a instalação condigna do então recente Museu Nacional do Trajo, no grande Palácio aí existente.
A "Quinta" encontra-se reservada como zona verde no Plano Director da Cidade, o que a liberta de qualquer outra utilização. Após a aquisição pelo Estado, impunha-se, desde logo, tratar da recuperação do que restava do Palácio do Monteiro-Mor.Em 1978, Vítor Pavão dos Santos propõe a criação de um Museu do Teatro naquele Palácio, o que acaba por ser aceite."
Texto de Acilina




(Publicado por Careto)

Sem comentários: