Sob os bons auspícios do Museu de Marinha e da Câmara Municipal do Seixal - a ambos a nossa vénia - teve lugar no passado dia 20 de Setembro um magnífico passeio fluvial no Tejo, a bordo do Bote de Fragata Baía do Seixal, em rigoroso exclusivo para a turma de Museologia da FCSH da UNL. E neste caso, UNL bem podia significar Universidade Náutica de Lisboa, tal foi o empenho demonstrado por tão ilustre guarnição, fazendo justiça e honrando a arte de navegar dos nossos antepassados.
Algumas das fotos que se seguem demonstram o afã, o esforço quase sobre-humano da marinhagem.
Algumas das fotos que se seguem demonstram o afã, o esforço quase sobre-humano da marinhagem.
Quem estava a bordo de algum dos muitos cacilheiros que connosco se cruzaram durante a hora e meia de regata, terá certamente pensado que se tratava de uma equipagem portuguesa a treinar para a America's Cup.
Os leitores poderão ou não acreditar naquilo que seguidamente vou escrever, mas juro-vos que ultrapassámos duas vezes e em bolina de grande estilo um dos maiores paquetes do mundo: o Queen Mary II (que por acaso, mas só por acaso, se encontrava atracado no cais da Rocha do Conde d'Óbidos).
Relate-se, a propósito, que o luxuoso paquete exibia a bombordo (no caso, para o lado do rio), um enorme lençol de bordado inglês com os dizeres "Distância de segurança - 50 metros". No convés, um membro da tripulação vigiava-nos por detrás de uns binóculos gigantes, provavelmente com ABS e som Dolby Surrond, enquanto outro se mantinha agarrado com unhas e dentes a um dispositivo que nos pareceu, assim à distância, uma mistura de bombarda medieval com agulheta do Regimento de Sapadores Bombeiros, ou seja, uma bombeta. Quiçá corremos o risco de, ao violar inadvertidamente a barreira dos 50 metros, sermos bombardeados por um jacto de alta pressão à base de Bacon & Eggs que haviam sobrado do pequeno almoço...
Enfim... à passagem das embarcações de pesca que regressavam da faina, navegando junto ao casco do paquete, os bifes punham-se a dar toques sonoros com aqueles sprays que se levam para fazer barulho nos jogos da bola, ao que o nossos pescadores respondiam efusivamente com belíssimas coreografias de manguitos genuinamente portugueses.
Um passeio com componente etnográfica. Diria mais: uma festa!
Este post já há muito devia ter sido publicado. Acontece que o facto de o pessoal ir irresponsavelmente ressacado para os passeios culturais tem o seu preço e as suas consequência: uma levou máquina digital e fotografou profusamente, esquecendo-se que, depois, não tinha cabo apropriado para passar as fotos para o PC; outra fotografou não tão profusamente mas, armada em entendida nas tecnologias 3G, programou o telemóvel para fazer fotografia noturna, o que nos deixou a todos com uma tez de azul, modelo Dirup Saturno, completamente inapropriada para publicação neste blog (que, afinal de contas, tem algum prestígio editorial a manter); outro, para compor o ramalhete, deixou a máquina fotográfica dentro da mala do carro e não fotografou coisa nenhuma.
É óbvio que tive que me insurgir efusivamente contra este tipo de atitudes irresponsáveis a roçar a senilidade. Foi, aliás, ao evocar a questão da senilidade que eu próprio, assim de repente, me lembrei que também havia feito algumas fotos com o meu telemóvel a vapor. E só assim, graças à atenção que a minha pessoa põe nestes eventos (para logo se esquecer de seguida), foi possível trazer à estampa o relato de mais um importante trabalho de campo desenvolvido pela pandilha de Museologia.
PS: Ninguém enjoou!
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